Laboratório Frantz Fanon

Laboratório Frantz Fanon de Avaliação Psicológica e em Saúde Mental 

Frantz Fanon (1925-1961) é um dos nomes mais importantes do que se convencionou chamar de “psicologia da libertação”, dando uma contribuição inestimável para entender que o sofrimento psíquico não é uma mera questão biológica, mas sociocultural, sociopolítica e socioeconômica. Ao propor seu conceito de “sociogenia”, o pensador martinicano lançou as bases para a compreensão de que o sofrimento psíquico está condicionado às estruturas da sociedade e, se é importante intervir diretamente naquele que sofre com vistas à diminuição de seu sofrimento, é igualmente importante intervir e transformar as estruturas que produzem o sofrimento. 

O “Laboratório Frantz Fanon de Avaliação Psicológica e em Saúde Mental” (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/3141470764021318) desenvolve projetos de pesquisa e ações que busquem colocar a avaliação psicológica a serviço das populações historicamente excluídas, tais como: minorias sexuais, pessoas negras e indígenas, imigrantes e pessoas em condição de refúgio. Busca ainda problematizar os vieses normativos e excludentes dos processos de avaliação tradicionais que tendem a desconsiderar a dimensão sócio-cultural como uma variável importante na mensuração dos processos psicológicos, bem como promover perspectivas que valorizem o diálogo contínuo e permanente com os grupos que são alvos da avaliação psicológica num processo de descolonização de sua práxis. 

O grupo se divide em três linhas de pesquisa: 1) “Avaliação Psicológica e Processos Psicossociais” realiza estudos e pesquisas sobre a construção e a produção de evidências de validade para testes, escalas e outras medidas psicológicas e neuropsicológicas, a serviço de populações historicamente excluídas. 2) “Psicanálise, Descolonização e Processos de Subjetivação” realiza estudos e pesquisas sobre os fundamentos epistemológicos e políticos para a construção de uma clínica psicanalítica orientada à compreensão dos processos históricos de colonização, de racialização, da exploração capitalista e da colonialidade do gênero em seus efeitos na constituição do sujeito e em suas incidências no laço social. 3) “Saúde Mental, Cultura e Opressões Sociais” realiza estudos e pesquisas sobre as relações entre práticas de saúde mental, cultura e as diferentes formas de opressões sociais, tais como a de gênero, sexualidade, raça, classe, capacidade etc.

Investigadores ligados ao laboratório realizam pesquisa intitulada “Validação e adaptação para contexto brasileiro da ‘Escala de Opressão Racial Internalizada’: uma oportunidade de descolonização dos saberes psi”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAEE: 77966323.0.0000.8527). Seu objetivo principal é validar e adaptar a “Escala de Opressão Racial Internalizada” do contexto estadunidense onde foi produzida para o contexto brasileiro, contribuindo para a discussão sobre o papel que o construto da “opressão racial internalizada” pode ter numa clínica antirracista e, portanto, comprometida com a transformação das iniquidades étnico-raciais. No âmbito deste projeto, estão sendo desenvolvidas duas pesquisas de iniciação científica intituladas: “Escalas psicométricas brasileiras para a mensuração do racismo e da opressão racial internalizada: uma revisão integrativa da literatura” e “Saúde mental da população negra: uma revisão integrativa de literatura”.

As disciplinas até então relacionadas aos temas do laboratório foram:

  • Na graduação: Etnopsiquiatria
  • No mestrado: Saúde mental, sofrimento psíquico e cultura