Nessa edição da Gazeta Popular da Saúde, Cláudio do Nascimento Silva, morador da Vila C, se apresenta e solta a voz sobre o passado, o presente, as mudanças e as necessidades que envolvem o bairro onde vive há mais de 20 anos.
Todos sabem que a Vila C é um bairro cheio de histórias desde o seu início, durante a construção da usina de Itaipu. Hoje, as pessoas se encontram nas ruas e nos locais que remontam a esses tempos e compartilham histórias, como a de Cláudio:
“Fui atingido por alguém que estava dirigindo a uma velocidade muito alta, se houvesse um posto policial, talvez ele não estivesse cometendo essa imprudência. “Ainda estou me recuperando, enfrentando dificuldades, perdi a visão do olho esquerdo quase um ano atrás. Graças a Deus, houve uma melhora significativa e recuperei minha visão. Fiquei cego por quase um ano.”
Ele ainda destaca que um dos problemas mais urgentes que sente no bairro é a falta de um posto policial. Antigamente, tínhamos um, mas foi removido. Acredito que, se o tivéssemos, situações como o acidente que sofri poderiam ser evitadas.
Relembrando dos seus primeiros anos na Vila C, Cláudio conta que o bairro costumava ser um lugar totalmente aberto, sem muros ou grades, era como um grande condomínio, onde todos se conheciam e interagiam livremente. Havia poucas árvores naquela época também, não havia muitos estabelecimentos comerciais, apenas um mercado na Vila C Velha e outro na Vila C Nova, junto com uma farmácia. Compara o bairro de antigamente, citando o quanto cresceu e que mudou significativamente:
“Apesar de todas essas mudanças, o espírito comunitário do nosso bairro permanece, as pessoas ainda se conhecem e interagem, mesmo que tenhamos passado por várias transformações ao longo dos anos. A história do nosso bairro é rica e continua a evoluir com o tempo.”
No que se refere à saúde, Cláudio considera a infraestrutura razoável, citando que na ocorrência de um surto ou situação emergencial, o sistema de saúde responde: “A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) é nosso principal recurso em casos de emergência, e embora existam desafios, não podemos reclamar muito. A pandemia, é claro, trouxe uma nova camada de complexidade, foi algo que ninguém esperava. Em minha experiência pessoal, não precisei de muita assistência médica, mas meu pai foi internado duas vezes, e ainda acredito que poderia ser pior, especialmente em termos de disponibilidade de médicos.”
Quanto às necessidades cotidianas, nosso entrevistado cita dificuldades no lado norte do bairro, como a falta de um banco e uma lotérica, pois muitos idosos que não estão familiarizados com a tecnologia, ainda não usam o “pix“, então precisam ir até a Vila A ou mesmo ao centro para acessar esses serviços.
Em relação à educação, elogia: “Somos privilegiados em nosso bairro, temos escola municipal, escola estadual e até mesmo faculdades próximas, incluindo instituições federais e estaduais, além das várias escolas particulares na região. A proximidade dessas instituições torna o acesso à educação muito fácil para os moradores, proporcionando uma base sólida para o aprendizado e facilitando o desenvolvimento educacional das crianças e jovens do bairro”.
Por fim, Cláudio destaca que as diferenças no bairro com o passar dos anos são enormes:
“A entrada e saída da Vila C eram limitadas à Tancredo Neves, posteriormente, uma estrada foi construída até Três Lagoas, era uma estrada de chão muito ruim na época, então tínhamos que dar uma volta grande para ir à Vila A, ao centro ou para viagens até Três Lagoas. Agora, temos avenidas que se estendem em várias direções, com um acesso muito melhor. Antigamente, éramos uma região bastante pobre, quase um pântano, no entanto, o asfalto foi ampliado consideravelmente, melhorando muito a infraestrutura. Hoje, a maioria das ruas do bairro está asfaltada, houve uma grande melhoria.”
Perguntado sobre sua opinião geral sobre a Vila C, rapidamente responde:
“Apesar dessas dificuldades, nosso bairro é um lugar agradável para se viver, as pessoas são carismáticas e educadas, nossos terrenos são espaçosos e bem localizados, proporcionando um ambiente sereno e tranquilo.”
Reportagem:
Katherine Vega e Magdalina Vilamar
Leave a Reply