O Conselho Comunitário da Vila C (CCVC) surgiu em 2004, após o fim da construção da barragem de Itaipu, e está instalado no espaço onde antes existia um mercado popular mantido pelo projeto Energia Solidária. O projeto foi entregue aos moradores, e foi nesse momento que o nome Conselho Comunitário foi adotado.
Apesar de ter autonomia e de ser considerado uma associação sem fins lucrativos, o Conselho tem a Itaipu como principal apoiadora até os dias de hoje.
Jessica Driele Rossetti começou sua trajetória no Conselho trabalhando na secretaria e desde 2020 exerce as funções de coordenadora. Ela conta que o objetivo do local é a promoção de ações sociais que melhorem a qualidade de vida e tragam cultura, educação e saúde aos moradores. “Apesar de ter Vila C no nome, hoje o projeto recebe pessoas de todo o distrito norte da cidade, e é o único que possui uma estrutura desse tipo na região”.
A área de 2 mil metros quadrados é muito bem utilizada pelo Conselho, que possui quadra de esportes, salas de música, salas de aula, dentre outros espaços. Atualmente, cerca de 800 pessoas são atendidas pelas ações do CCVC, em 19 oficinas direcionadas para todas as idades. São ministradas aulas de xadrez, balé, futsal, badminton, judô, teatro, violão, teclado, piano, artesanato, entre outras. Para os adultos também são oferecidos cursos de informática, corte e costura, cabeleireiro e manicure, além de outros cursos ministrados por entidades parceiras.
Já os idosos podem participar das atividades físicas oferecidas nas manhãs de segunda e quarta-feira, e das atividades de educação em saúde desenvolvidas em parceria com a Unidade Básica de Saúde Cidade Nova, onde são realizadas palestras e rodas de conversa com nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos.
Duas vezes por ano também são oferecidos cursos profissionalizantes de auxiliar administrativo, de onde saem formados 25 alunos a cada semestre. O curso é oferecido em parceria com o SENAI, que cede os professores responsáveis pelas atividades.
Atualmente, cerca de trinta colaboradores trabalham no CCVC, dentre eles funcionários efetivos do Conselho, professores cedidos pela Secretaria de Esportes do município, e pela Fundação Cultural (do projeto Foz Fazendo Arte), um professor cedido pelo Conselho do Idoso, além de professores voluntários, que desenvolvem atividades de desenho e de Sipalki-Do, uma arte marcial oriental.
O espaço do CCVC inclui um ginásio com quadra poliesportiva
Pela comunidade e para a comunidade
Jéssica Rossetti comenta que praticamente todos os colaboradores e professores são moradores da Vila C, o que ajuda a fortalecer o vínculo com a comunidade. Entre esses nomes está a professora de balé Anna Carolina Gomes, moradora da Vila C que começou a dançar balé com 4 anos no CCVC, até se formar bailarina, o que lhe rendeu bolsas de estudos em escolas. Anna retornou ao CCVC aos 15 anos, como estagiária da professora, até se tornar professora titular.
Educadora física de formação, Anna é responsável por dar aulas e organizar os espetáculos de dança. Em 2022 conseguiu levar suas alunas para conhecer a Escola de Ballet Bolshoi, com sede na cidade de Joinville, em Santa Catarina.
Anna Carolina Gomes, professora de balé do CCVC
Outra atividade que se destaca é o Badminton, esporte do professor Adriano Fiori. O esporte, que cada vez conquista mais praticantes entre crianças e adolescentes, demanda a compra de equipamentos caros, e é oferecido gratuitamente. Sem esse incentivo, os jovens praticantes provavelmente nunca teriam iniciado a prática. Em 2022 a equipe do CCVC participou do Campeonato Paranaense de Badminton, conquistando 17 medalhas, um resultado inédito para a cidade.
Estreitando laços com a Universidade
O Conselho está organizando uma parceria com a Unila e com a Unioeste. O plano é receber professores e acadêmicos para realizar atividades com as crianças e adolescentes, além de ampliar as ações para as escolas do bairro. Inicialmente serão aulas de matemática e português. Também está em curso para 2024 a realização de oficinas na área de robótica em parceria com o Parque Tecnológico de Itaipu.
A professora Mariana Cortez, do curso de Letras da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), explica que ampliar as ações da Unila para a comunidade de toda a cidade de Foz do Iguaçu é um compromisso estabelecido pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da instituição. Ela ainda reforça que a Unila possui um compromisso com o desenvolvimento social e cultural do município.
Entre uma das atividades planejadas para o próximo ano entre a Unila e o CCVC está o projeto Vivendo Livros, que busca estabelecer uma biblioteca comunitária no espaço onde atualmente está o Conselho.
Entre conquistas e desafios
Mesmo com todo suporte recebido, o CCVC vive uma luta diária para continuar aberto, pois possui muitos gastos para manter a estrutura e o espaço físico funcionais e bem preservados. A coordenadora do Conselho, Jéssica Rossetti, conta que precisa abrir mão de projetos que gostariam de executar por falta de recursos. “Hoje nós temos uma cozinha industrial praticamente montada, e a ideia era no futuro oferecer um curso de gastronomia para a comunidade, mas calculamos que gastaríamos em média quatro mil reais por mês com insumos e não temos esse dinheiro”.
Apesar de todas as dificuldades, a Coordenadora se mostra otimista com o trabalho realizado e celebra alguns dos feitos conseguidos pela atual gestão. ”Quando começamos o trabalho, a CCVC estava com quase meio milhão em dívidas deixadas por gestões passadas, entre empréstimos e processos trabalhistas. Conseguimos correr atrás e pagar quase tudo. Hoje resta apenas oitenta mil reais para pagar e estamos confiantes que logo conseguiremos”.
Reportagem: Ozires Kelvin G. Vieira
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