2ª Edição

Saúde que cola na escola

Adentraremos em um tema muito interessante que possui total conexão com saúde…

A educação. Isso mesmo, a educação está diretamente ligada à saúde. É a partir da educação que temos a oportunidade de transformar e enxergar as coisas além da nossa realidade. E por falar em educação, qual a primeira palavra que vem à nossa mente? Escola. 

A escola é onde começamos a adquirir conhecimento, podemos dizer até que é onde começamos a nos comunicar com o lado de fora da nossa caixinha, com as pessoas que estão além do nosso âmbito familiar. É onde nos preparamos para a vida futura, onde criamos afetos, decidimos nos dedicar a alguma profissão, descobrimos nossas habilidades e desenvolvemos nossos potenciais.  

Para a realização de todas essas possibilidades, a comunidade da tão amada Vila C conta com seis instituições públicas de ensino, duas Escolas Estaduais, duas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) e dois Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), a seguir: Colégio Estadual Prof. Flavio Warken, Colégio Estadual Paulo Freire, EMEF Arnaldo Isidoro De Lima, EMEF Padre Luigi Salvucci, CMEI José Bento Vidal e CMEI Flor de Lis. 

Três dessas escolas, EMEF Padre Luigi Salvucci, CMEI José Bento Vidal e CMEI Flor de Lis,  participam de um programa excelente que busca integrar a educação e a saúde para uma melhor qualidade de vida da população brasileira, o chamado PSE (Programa Saúde na Escola), cujo principal objetivo, segundo o Ministério da Educação, é “contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino”.

Pensando nisso, desenvolvemos essa coluna com o objetivo de dar voz aos profissionais que trabalham atuando em prol da educação. Nessa edição da Gazeta foi a oportunidade de Erika Velcheff Lobl, professora do Colégio Prof. Flavio Warken, escrever a diversidade dos vários estudantes naturais de outros países e o acolhimento recebido através dos profissionais e alunos nas escolas da Vila C, especialmente na qual ela atua.

Brasil, terra de todos

por Erika Velcheff Lobl

Ao chegar ao colégio, nos deparamos com todo tipo de aluno. Há aquele que vem correndo para te abraçar, emocionado (e suado…), feliz; aquele que vem discretamente pedindo atenção; os que a gente tem vontade de botar num potinho e levar para casa; os bagunceiros, terríveis, que acabam roubando o nosso coração. Mas, dentre todos esses, cada vez mais, nos deparamos com umas carinhas que muitas vezes pedem um socorro silencioso. Quando nos aproximamos, num “oi” tímido ou um “presente” na hora da chamada ouvimos um sotaque diferente e descobrimos que aquele aluno vem de longe, de outro país. São muitas crianças e jovens que estão num mundo totalmente novo para eles, rodeados de dúvidas e medos. Com certeza, você conhece alguém nessa situação. 

Mas, por que eles vêm para cá? Poderíamos dizer que o Brasil é um país com coração. O brasileiro é famoso por sua simpatia, o que se reflete nas escolas. Os alunos novos vão se misturando rapidamente com os demais e isso nos ensina muito. O ser humano, que é intrinsicamente egoísta, mostra nas crianças essa capacidade de socializar, de colaborar, de se ajudar. Ver aqueles pequenos se virando para entender o colega, procurando informações, descobrindo curiosidades do lugar de origem do outro, nos faz pensar. Quando chega um aluno novo, os demais costumam ficar emocionados, mas quando ele vem de um lugar diferente, eles ficam mais entusiasmados ainda. Acham “legal” contar que tem um amigo de outro país. “Prof., prof.! Sabia que tem colega novo? Sabia que ele é da Venezuela?” (ou de Cuba, do Haiti, do Chile, de Honduras, etc.). Talvez, seja como se eles viajassem um pouco para esse destino desconhecido? O fato é que essa experiência só traz benefícios.

A Vila C, em especial, se caracteriza por ser um bairro internacional. Caminhando pelas ruas, supermercado, farmácia, comércios, temos essa mesma sensação que vemos na escola. Diferentes idiomas e sotaques misturados. 

Venho de uma família de imigrantes e, aqui foi onde meus pais criaram as suas raízes. Da mesma forma, eu também trouxe meus filhos de outro país e, provei disso pessoalmente. Eles passaram por essa situação de imigrantes duas vezes, inclusive. Na Espanha, onde nasceram, mas sendo filhos de brasileiros, acabavam sendo como estrangeiros. Quando viemos morar no Brasil, sendo europeus, mas filhos de brasileiros, passaram a ser imigrantes de verdade. Entretanto, por mais que chamassem a atenção dos demais, o comentário sempre era: “Que legal! Mas e como é lá?” A conclusão a que podemos chegar é que, no fim das contas, o fato de ser imigrante ajuda na socialização. 

O Brasil é um país de todos. País que rece be de braços abertos os que se aventuram por aqui, que buscam novas oportunidades, novas chances, uma nova vida. Que seja assim sempre, porque nós, brasileiros, um dia talvez tenhamos que deixar este cantinho seguro por uma terra com sons e sabores novos, desconhecidos. Faça para o próximo o que você quer que façam por você. Sigamos o exemplo destas crianças, recebendo quem vem de tão longe procurando oportunidades.

Caso essa matéria tenha despertado o escritor que há em você, profissional da educação, e quando dizemos profissional da educação, queremos dizer todo e qualquer profissional atuante na escola, professores, diretores, agentes da limpeza, cozinheiros, coordenadores, pedagogos, entrem em contato com a Gazeta, para escrever, informar ou até divulgar um projeto relacionado ao tema educação e saúde ao qual estiver envolvido… Adoraríamos que vocês fizessem cada vez mais parte do vosso Jornal!

Reportagem: 

Larissa Xavier e Vitória Nímia

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